Sunday, December 10, 2006

O retorno

R.I.P.

Há sete palmos de terra, meu cadáver
Réquiem e funeral para um falso poeta
Que há muito perdeu a fé própria
Sonhos não morrem jamais?
Então podem me chamar pesadelo
E vamos logo que os vermes estão a me esperar!
No obituário, "endo flagelus" como causa mortis
Necropsia e dissecação de restos banais
Mente e crânio no pântano de filósofos abandonados
Olhos vítreos de um cego para a razão
Coração... apenas um músculo atrofiado
Pulmões inundados pela solidão
Figado castigado por paixões toxicológicas
Orgãos genitais marcados pelo pecado
Meus ossos... monumento ao meu intento
Alma fadada ao tormento
Com o beijo de Judas, fui traído
Caí e perdi minha imortalidade
Renegado, iludido, perdido
Descanse em paz, meu amigo
Aqui jaz um ébrio romântico, morto pela realidade!


Do poeta André Zotês, um grande amigo

3 Comments:

Anonymous Anonymous said...

gostei do "podem me chamar de pesadelo"

8:41 AM  
Blogger Mana Malta said...

Vivi, saudade de vc. Acho que quem anda precisando de colo agora sou eu. Bjs

8:06 AM  
Anonymous Anonymous said...

Tá, tá, mas acho que a mensagem anterior me transbordou.
Sei lá, artificial...
Boa palavra para usarmos. Gosto disso. Do modo como usar palavras e dar a elas outros significados.

Artificial.

Não sei, mas acho que artificialidade é algo sem sabor, sem cor própria (copia do real) e, pior ainda de forma eterna pois nunca muda, nada se altera.

Sim sim, vamos falar e apaludir sim a sociedade que de tão desaborosa, gris e eterna, quer porque quer nos conduzir ao uniforme.

Viva a impulsividade que nos faz transformar a nós e aos outros.

Viva o ativo que é capaz de mudar a realidade.

Viva o colorido que as vezes é capaz de ofuscar e transtornar a realidade.

Amo você.

4:10 PM  

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