Sobre a felicidade
Sempre me pego pensando em como o ser humano é estranho. Todo mundo sabe disso. Todo mundo lê jornal e quem se diz “de bem” ou “normal” fica chocado, deprimido, desgostoso, revoltado.
Mas a estranheza que digo dessa vez é uma outra. Uma das muitas do ser humano.
Desde pequenos somos programados... para buscar a felicidade nas coisas. Nossa felicidade, já na infância, é negociável. Somos ensinados que a felicidade é o presente, o biscoito favorito... isso nos tira daquela alegria pura e incondicional com a qual viemos ao mundo.
Haveria forma de manter essa alegria desprendida em nossa sociedade? Vejo as crianças de hoje com IPHONE, Ipad, tanta coisa material... ter mais é ser mais feliz... a sociedade do jeito que é hoje é causa ou consequência desse tipo de comportamento?
Nós, adultos, colocamos expectativas nas festas, nas viagens, nas roupas, nos carros, e será que temos um dia a dia feliz e sadio?
Às vezes me pego pensando... onde será que erramos? Onde será que estamos indo? Onde queremos ir? Se temos tudo,e dentro de nós as coisas não preenchem? Vemos, através das redes sociais, pessoas cada vez mais carentes, mais dependentes, vemos as pessoas e suas insatisfações, suas necessidades de aparecer, de se auto afirmar, de impressionar... e porquê?
É preciso fazer o caminho de volta. É preciso se desacostumar aos antigos padrões, que só nos fizeram uma ferida imensa na alma. É preciso viver cada dia com calma, com desapego...
Por isso que, estranhamente, admiro quem perde tudo. Não por serem perdedores, mas por não terem mais nada a perder e por terem de aprender a viver sem tudo aquilo que antes julgavam imprescindível. É preciso aprender a viver na simplicidade. E saber que, se for condicionada, não é felicidade.