Friday, January 29, 2010

Sexta solitária saudades



Coisas que a gente se esquece de dizer
Frases que o vento vem às vezes me lembrar
Coisas que ficaram muito tempo por dizer
Na canção do vento não se cansam de voar
Você pega o trem azul, o sol na cabeça
O sol pega o trem azul, você na cabeça
O sol na cabeça

Coisas que a gente se esquece de dizer
Coisas que o vento vem às vezes me lembrar
Coisas que ficaram muito tempo por dizer
Na canção do vento não se cansam de voar

Você pega o trem azul, o sol na cabeça
O sol pega o trem azul, você na cabeça
O sol na cabeça

Lô Borges

Monday, January 25, 2010

Água Perrier



Eu gosto de rir de tudo, eu gosto de rir de mim, de você. A embriaguez, a embriaguez da alma é uma saída para a vida. E eu gosto de ser quem sou. Eu não queria ser tão séria quanto tento. Um brinde e um sorriso! A nós!
*

Não quero mudar você,
Nem mostrar
Novos mundos
Porque eu, meu amor, acho graça até mesmo em clichês.
Adoro esse olhar blasé
Que não só
Já viu quase tudo
Mas acha tudo tão déjà vu mesmo antes de ver.

Só proponho
Alimentar seu tédio...
Para tanto, exponho
A minha admiração:
Você em troca cede o
Seu olhar sem sonhos
À minha contemplação,
Aí eu componho uma nova canção.

Adoro, sei lá por que,
Esse olhar
Meio escudo
Que em vez de qualquer álcool forte pede água perrier

Adoro, sei lá por que,
Esse olhar
Meio escudo
Que não quer o meu álcool forte e sim água perrier

Adriana Calcanhoto

Wednesday, January 20, 2010

Então vá!



Trouxe-me até aqui
e agora quer me proteger
(eu sei me proteger
não morrerei por você)

Tem o mundo todo
Mas não se domina
Tudo cansa, tudo perde a graça tão fácil
então você ignora.
Não importa se é amor, se é dor, você tá fora
fora do ar, fora de si
Então vá!

Mais fácil ser cigano
não se prender a nada
Desfilar pelas estradas
Indio sem espelho
que não se encara

E eu, engolindo a sua poeira
poeira dos seus caminhos
(que não o levam a canto algum)
só tentei livrá-lo dessa agonia
do mundo, mesmo com toda sua solidão,
ser menos deserto que seu coração

Sunday, January 17, 2010

Que eu já não me encontro mais


Putz. Putz. Que difícil ser eu. Eu mudo muito. Evoluir é afastar-se de seus vícios? Putz, eu estou evoluindo.
É claro que eu brinco com isso, porque essa evolução é tudo que busco, que quero, mas certas coisas são deveras radicais em minha vida, o que faz eu me sentir um ser sem lugar no mundo... parece que vou perder todos os meus amigos! Aí mesmo é que eu me mudo pra Marte e ninguém mais ouve falar de mim!
Ontem fui ao Heavy Duty com o Batman e o Mr.M. Fiquei chocada com como as coisas mudaram! A rua Ceará não é mais aquela rua onde ficávamos até de manhã jogando conversa fora a ouvir "porra!" entre uma frase e outra. E era bom, sempre chegava um que trazia um amigo, o outro conhecia um outro e a mesa se enchia de gente nova, que no fim da noite quase sempre se tornava amigo de infância, "nossa, como pude ter vivido sem você esse tempo todo!".
Agora não, todo mundo na sua, e eu não conhecia quase ninguém ali. E ia continuar sem conhecer, pois todos os cabeludos estavam de cara amarrada e eu pensei comigo: já fiz mais sucesso nessa tribo...
É o preço da mudança... que também traz consigo novas festas, novos ares...
mudar é isso mesmo: é tristão deixar um monte de coisa pra trás, um monte de gente que eu queria ter sempre perto, todos congelados, como numa foto, todos os risos, todas as alegrias... Mas mudar nem é só perder! Mudando se ganha umas boas lembranças. E o melhor, se ganha uma vida novinha em folha, doida pra ser desbravada - e vivida intensamente!
Então, porra!, que venham as mudanças!

Thursday, January 14, 2010

Às vezes apaixona...



Encontrei pela rede afora, os versos de uma senhora de Ubatuba, com uns 70 anos na época, pobre, que vivia do que lhe davam os outros... versos que eu queria...

Teus olhos são como estrelas
Brilham muito e nada fazem
Teus beiços avermelhados
Sorrindo pesares trazem

Nós nos beijamos um dia
Não posso me lembrar quando
Só sei que o mel do teu beijo
Era bom e está durando

Gralha conversa, e vê muito
Peixe vê pouco, e nada fala
Menina namoradeira
Pisca os olhos, e não cala

Quando o sol te viu na praia
Parou em cima da serra
Esqueceu-se do passeio
Que dá em redor da terra

Vim da feira da Alcobaça
Cantando pelo caminho
Vendi boi, vendi ovelha
Comprei amor e carinho

A lua vive espreitando
O que fazemos na praia
De dia os mexeriqueiros
E de noite essa atalaia

Não quero saber teu nome
Nem a terra em que nasceste
És um tucano sem ninho
Com o vento te perdeste

Tia Chica
Ubatuba, março de 1926

www.jangadabrasil.com.br

Wednesday, January 13, 2010

What It Feels Like For A Girl?




Nem sei como me sinto...

a gente volta pra casa
e vê as coisas tão diferentes
fui eu que mudei?
ou está tudo assim mudado?
as pessoas vão embora sem mais nem menos
eu nem tenho mais papo pras novas,
em lanchas, praias, nos ônibus
meu olhar cada vez mais perdido
vê ir embora todas as vezes tudo que era bom
tudo que podia ter sido
e eu nem tenho mais assunto
o peito dói
o calor acorda
desperta pra vida
que continua

mesmo que cada vez mais vazia